quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


AVENIDAS AZEDAS

Sorrir para as desgraças
Encarar com desapego
No aconchego do seu cheiro
No olhar da sua graça

No som da minha guitarra
Descarrego minhas lamúrias
Não são poucas, são muitas
Mas a tristeza não me amarra

Medo, para o quê te quero?
Para o quê te volto o meu olhar?
Para o quê, contigo, perco o meu tempo?
Se escrevo sozinho o meu próprio caminhar?

Nas avenidas azedas da solidão
Tive de te deixar
Para seguir a minha estória
Sem medo de apanhar

Perdi o medo de perder
Perdi o medo de amar
Perdi o medo de sentir
O vento me levar

Que mal podes me fazer
Se eu nem olhar o seu olhar?
Que mal posso sentir
Se nem quero te encostar?

Não se combate o mal com o mal
Muito menos com um triste revidar
Quem aqui nasceu sabendo
Para poder alguém julgar?

Adversidades que surgem para ensinar
Desgarrar das coisas antigas
Seguir em frente
E voltar ao devido lugar

DANIEL BEDOTTI SERRA

17 comentários:

Mariah disse...

"medo...eu não te escuto mais"...
julgar, medo, encostar, amarras...palavras fortes num texto cheio de verdades!
sua poesia é forte!

Gisele Resende disse...

Daniel,

já escrevi isto, mas vou repetir. Gosto muito das suas poesias. É forte e puramente sincera. E acima de tudo verdadeira.É muito bom quando sentimos essa verdade e sinceridade, pois saimos de um mundo de faz de conta e vivemos a vida real. Não sei se você está entendendo...Enfim não deixe de escrever. Gosto muito de ler os seus textos. É como você mesmo escreveu "sentado num jardim inglês esperando pelo sol". A espera vale a pena pois no final o sol sempre aparece!

beijos

Gisele

Marcelo Mayer disse...

sem querer (ou não) soltou um acordo dissonante que deu muito certo!

Amor, Sexo e Guloseimas disse...

Adorei (mesmo) isto:

"Perdi o medo de perder
Perdi o medo de amar
Perdi o medo de sentir
O vento me levar"

Estes versos em particular recordaram-me uma célebre frase que procuro trazer sempre comigo:

" Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam. " (Edmund Burke)

Estive a ver o teu blog e gostei do realismo e da humanidade dos teus textos. Admiro aqueles que não se mascaram com as palavras, mas quem as usam como meio de lidar com a vida.

A ti, os meus sinceros cumprimentos.

Um beijo.

Madame Morte disse...

Forte e definitivamente musical.Sincopado como um soneto parnasiano e "real" como um poema modernista.

A inércia, nada nos faz.Mas nos encanta, e por muitas vezes, supre quase qualquer necessidade que possamos vir a ter.O único problema de não fazer nada é que nada acontece.

Anônimo disse...

Adorei, principalmente esse trecho:

"Medo, para o quê te quero?
Para o quê te volto o meu olhar?
Para o quê, contigo, perco o meu tempo?
Se escrevo sozinho o meu próprio caminhar?"

Beijos

Jacque disse...

Olá, irmão de aquário! Quando estamos a beira de qualquer caminho e este possa parecer assim, tão insípido... nada mais nos resta a não ser fazer poesia. A solidão abraça também esta que lhe escreve, por isso, identifiquei-me com teu lirismo desmedido e a tua poesia vinda da alma. Sigo-te agora.

Um abraço

Jacque disse...

Venha conhecer meu mundo.

chica disse...

Maravilha,Daniel e ninguém nasceu sabendo mesmo e também,não pode se "achar" o maioral, sendo apenas julgador das atitudes...Lindo poema profundo!abração,tudo de bom,chica

Mônica disse...

Seguir em frente e voltar ao devido lugar.
Eu gostei muito desta frase. Vou copiar.
Tenho viajado para Santo Antonio do Amparo e lá é uma largura a tal da internet.
Mas agora estou em BH e a internet estragou. O moço só virá segunda.
No consutorio de minha irmã eu posso vim, mas não diariamente. E para fazer o texto eu gosto de colocar fotos.
Assim que tiver com a internet arrumada vou colocar o que vi sobre Yoko e Lenon. Acho que vai gostar.As fotos estão lá em casa.
Com carinho Monica

Luci disse...

Preciso descobrir qual o "segredo" pra se perder esse medo que tenho de encarar certas situações.


Forte ,Daniel o texto.
Adorei!

abraços.

Anônimo disse...

Daniel,adorei sua poesia especialmente quando disse que não se combate o mal com o mal.Penso que um gesto de carinho vence qualquer barreira e desarma o adversário.Abraços,

Katrina disse...

e lá estou eu, voltando

Tainá disse...

Muito lindo e inspirador, Daniel! Você se mostra muito maior que quaisquer adversidades. Não se preocupa com o temanho delas, mas com o seu tamanho. Sempre gosto do que leio aqui! Beijo!

Editor da Caverna disse...

É com as pedras que encontramos em nossa caminhada que fazemos o nosso castelo...

Jou Jou Balangandã disse...

Adversidades que surgem para ensinar
Desgarrar das coisas antigas
Seguir em frente
E voltar ao devido lugar

Adorei!!!!
Conhece um texto do Einstein sobre os momentos de crise e o crescimento?
Bjous

Daniel disse...

Amor, sexo e guloseimas.

Obrigado por tudo que escreveu. Sou assim mesmo, transparente, sem máscaras, quando gosto eu gosto, quando não gosto minha cara não nega, mas não destrato ninguém. Quando me indigno eu berro e quando estou certo eu fico quieto.
Apareça sempre que quiser.
Beijo