terça-feira, 31 de maio de 2011


SERES FLUTUANTES

Lançadas ao mar, as cinzas do Diabo se afogaram, perderam tristemente suas vidas e foram enterradas na Ilha do Amor, onde foram resgatadas por seres transparentes que flutuavam.

Das cinzas enterradas, surgiram duas plantas, uma masculina chamada Paz e outra feminina chamada Amor, nomes dados pelos seres flutuantes daquele selvagem local. 

A Paz e o Amor cresceram, adquiriram maturidade e, na adolescência, logo no início da vida sexual, descobriram algo que podiam fazer que não fosse apenas brincar como quando crianças.

Dessa descoberta nasceu DEUS!

DANIEL BEDOTTI SERRRA 

sexta-feira, 27 de maio de 2011


APRENDIZADO

De apenas escutar
Desaprendemos a falar
Mas o que fazer quando o balão incha e explode?
Não é certo explodir?

Não se trata de errar
Mas, sim, de escolhermos um caminho e arriscar a sua adiante colheita
E mesmo que batamos a cabeça no chão por muitas e muitas vezes Valerá a pena

Isso se chama aprendizado
E enquanto houver amor
Seremos recompensados
Sim, seremos recompensados

Pode até demorar
Mas, por sermos únicos, imperfeitos e bons
Seremos felizes
Desde, é claro, que busquemos sempre o caminho da felicidade
Certamente, ela está dentro de nós

DANIEL BEDOTTI SERRA

quarta-feira, 25 de maio de 2011



PRAZO DE VALIDADE

Dê asas ao amor e deixe ele voar
Sente-se de pernas cruzadas e espere ele voltar
Acenda um cigarro
E respire fundo o poluído ar

Se ele não voltar 
Provavelmente é porque ele nunca te pertenceu
Então acenda a vela da lamentação
E diga Adeus!!

Faça um brinde ao livre-arbítrio
Faça um brinde a liberdade e a possibilidade de escolha

Donos do mundo - é o que somos
Amantes eternos - seja pra quem for - é o que somos
Imperfeitos - é o que somos
Virtuosos - é o que somos

Somos carne...
E como toda carne apodrecemos
Simplesmente porque temos prazo de validade.

DANIEL BEDOTTI SERRA

segunda-feira, 23 de maio de 2011


O DEMÔNIO E A LUZ VERMELHA

Era para acabar após poucas cervejas e algumas histórias.
De preferência, antes das onze.
Pelo menos foi essa a recomendação da patroa. 
Todavia, nessas ocasiões, o Demônio insiste em aparecer e acaba por tomar algumas decisões que seriam minhas.
Assim, lá estava eu num corredor estreito, com luz vermelha, uma música sensual e a tentação em forma de mulher.
Aos poucos o meu corpo não me pertencia mais.
O meu espírito já havia ido embora.
Aliás, foi o primeiro a me abandonar diante daquela presença e daquela vermelha situação.
Para concluir, o Demônio bebeu minha alma e minha cerveja, pagou sua altíssima conta com meu suado dinheiro, abusou e se lambuzou às minhas custas e me deu de presente uma traição e muita dor de cabeça.
Apesar de que no dia seguinte eu não me lembrava de nada.
Fiquei sabendo pelo extrato da minha conta bancária e pela constatação de que minha casa foi abandonada.

DANIEL BEDOTTI SERRA

quarta-feira, 18 de maio de 2011


CORPO SAGRADO

Caminhei por milhas e milhas
Matei a inocência por puro prazer
E jurei sobre bíblias e mais bíblias
Que não fui eu

Idolatrei ídolos viciados
Acreditei em um Jesus que se parecia mais com Judas
Corri e de tanto correr caí sentado
Por ter o cadarço dos meus sapatos amarrados

Naveguei por mares gélidos
Entortei até dormir por sete meses seguidos
Acordei e lavei o rosto durante séculos
E não mudei - continuei ferido

Atirei primeiro antes de perguntar
Acusei por medo de saber a resposta
Machuquei quem não queria machucar
E saí satisfeito

Não roubei a grana de ninguém
Mas também não devolvi a nota de cem reais que encontrei
Dinheiro sujo é dinheiro perdido
E eu o encontrei e lavei

Não entendi as suas juras de amor
Porque de pronto percebi que eram mentiras
De tantas mentiras eu fartei
E antes de me matar eu te infartei

Te socorri, mas não te levei pro hospital
Te acolhi, mas não te salvei do frio
Te seduzi, mas não cometi conjunção carnal
Apenas, o coito anal

Me alimentei do teu sangue pisado
Bebi do teu suor salgado
Me lavei com o líquido de suas entranhas
Descancei o seu corpo sagrado

DANIEL BEDOTTI SERRA

domingo, 15 de maio de 2011


LUCIDEZ

Não quero mais...
Sentir a febre que me dá
E entender...
Que o tempo passa e eu vou ficar
Que o tempo morre e eu vou perder a minha LUCIDEZ

Pra quê deitar se minha mente vai morrer?
E eu vou me entorpecer
E o que o DIABO vai dizer?
Será que DEUS vai me enterrar ou vai me socorrer?

Muito cedo eu levantei e me perdi
Eu não podia andar, mas eu tentei correr...

DANIEL BEDOTTI SERRA

sexta-feira, 13 de maio de 2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

INFINITO CÉU

Quando tudo está a um passo de ficar BOM, de repente fica RUIM. Começo tudo do ZERO. REINICIAR nos causa DESESPERO. Principalmente se precisar apertar a tecla RESTART. Estou fora! 

O simples fato de viver a vida no "CAMINHO DO BEM" aguardando uma intervenção UNIVERSAL/DIVINA já não me atrai mais.

Prefiro trilhar sozinho.
Colher o fruto do que sei que plantei. 
Fazer pelo meu próprio esforço e esperar resultados práticos e reais.
Não espero mais nada cair GRATUITAMENTE do INFINITO CÉU.

Por falar em CÉU, se sua infinidade realmente é tão LINDA e BELA como vemos nos filmes e como lemos nos livros, porque não morar DEFINITIVAMENTE lá?

Insistimos em NASCER, porém choramos ao sair do VENTRE MATERNO. CHORAMOS AO CHEGAR NO MATERNAL.

Porque no fundo NÃO QUEREMOS NASCER.
QUEREMOS VIVER NO CÉU.
NAS NUVENS DE PAPEL.
JUNTO AO BRILHO DO CALOROSO SOL.

DANIEL BEDOTTI SERRA  

segunda-feira, 9 de maio de 2011


FLORES

Olhei até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado as flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados e o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado e embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo

A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes

Flores
Flores
As flores de plástico não morrem

Flores
Flores
As flores de plástico não morrem

TITÃS
Composição: Belotto/Brito/Gavin/Miklos

segunda-feira, 2 de maio de 2011

NOVIDADE DO ONTEM, HOJE E AMANHÃ

O que ONTEM foi novidade, HOJE já não faz mais tanto sentido, porque a NOVIDADE foi consumida pela ROTINA diária dentre tantas outras rotinas.

O que HOJE é NOVIDADE, AMANHÃ cairá no esquecimento pelo uso em exagero dessa mesma NOVIDADE.

O que HOJE é NASCIMENTO, AMANHÃ é MORTE e restará ENTERRADO, apodrecendo em seu eterno leito.

O que AMANHÃ é NOVIDADE, HOJE ainda encontra-se no DESCONHECIMENTO, no seu devido lugar.

DANIEL BEDOTTI SERRA