terça-feira, 17 de agosto de 2010


DEVANEIOS

Eu alimento tanto a realidade quanto a irrealidade. Não, pensando bem, fica melhor descrito de outra maneira, vamos lá: Eu alimento tanto a realidade quanto o meu lado sonhador.
O meu lado incolor.
O meu lado indolor.

Prefiro mil vezes mais falar sobre o mundo espiritual e suas várias possibilidades de ser do que falar sobre leis que pouco chegam ao objetivo de toda uma sociedade suja e nojenta. Nem sempre por sua própria culpa, mas também por sua culpa.

Eu viajo enquanto ouço Strawberry Fields e Ruby Tuesday.
Eu imagino o meu funeral quando ouço Eleanor Rigby.

E lamento quando abro os olhos e vejo tanta injustiça ao meu redor. Tanta fumaça em meio a tão pouco fogo.

Acho melhor viver de olhos fechados, vivendo um mundo paralelo, com os pés na realidade, trabalhando duro, gastando neurônios com muito trabalho.

O lamento do liquidificador.
O lamento do pobre trabalhador.
O lamento do doente terminal.
Simplesmente, o lamento...

DANIEL BEDOTTI SERRA

6 comentários:

Luna disse...

mais um lamento, entre tantos já feitos. cest la vie, mon cher.

*lua* disse...

Você sabe que daqui sempre senti esse paradôxo de sua alma com tua profissão, uma verdadeira guerra ... Beijo

Daniel disse...

Disse tudo. Captou muito bem.
Daniel

Luciana Lís disse...

Então, vc é advogado. E espirituosamente consciente da humanidade - logo deve ser meio doloroso.

Acabei de ler Saramago, vê só isso, é dele:
'dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.'

Beijo

Mônica disse...

Daniel
Minha irmã também é advogada.Mamae se tivesse terminado o curso de direito em Uberaba seria uma das quatro primeiras mulheres a ser advogada. Mas ela terminou 18 anos depois em Varginha .
Ambas são como você.Conscientes da realidade onde vivem, do certo e do errado.
Só que mamae exerceu a profissão na nossa educação e Marilia está aí dando duro!
Voltei gripada de Belém e com saudades do jovem papai.
com carinho MOnica

M.M. disse...

Dualidade necessária, talvez?

MeninaMisteriosa