segunda-feira, 2 de março de 2009


O VALE DAS BONECAS

É feita de porcelana aos olhos alheios
Mas totalmente corroída por dentro
É vestida de pano
Não há carne nesse corpo, na cabeça apenas vento

Pra onde sopra ela corre
O que fazem, ela faz também
Apenas quando dorme
Ela é alguém

Entorpece a si mesma por não compreender o alguém que habita seu corpo
Quando está sozinha apenas chora
Não gosta de si mesma, é apenas uma imagem bonita no espelho
Mas sorri ao lado dos outros

Seu nariz chega a sangrar
Seu cérebro frita quando se põe a dançar
"Paz e Amor" é seu lema enquanto curte o luar
Sua vida é uma poça de mentiras
Objetivos, nem pensar

Enquanto o vento sopra
Ela ainda têm para onde se dirigir
Mas quando ele pára
Fica tudo abafado e sua mente não consegue interagir

Torna-se um Zumbi com a mente vaga
Não entende nada
Em mente vazia, o demônio constrói sua morada
E a cada dia, um pouco, ela se mata

Cultua apenas o que tem por fora
A porcelana bem vestida
Matando o seu "EU" interior todos os dias
Dentro de si mesma torna-se uma perdida

O tempo vêm e faz com que acorde
Mas o tempo perdido não se resgata facilmente
Ainda mais quando há tempos não se exerce
O poder da mente

Não há colheita quando a terra é morta
Não há luz quando o sol está atrás das nuvens
Não há verdades no meio de mentiras
Não há plena recuperação quando não se têm vida

Chega um momento
Onde você questiona o que foi produzido
Não havendo respostas
Ouve-se apenas um zumbido

Como bonecas de vidro
Que num vento mais forte
Despedaçam-se
E berram, chegando a doer até os ouvidos

A paz, enfim, chegou
Pois vivendo no vale das bonecas não se sente mais dor
Alguém te controla, onde você vira um brinquedo
Guiado sempre por aquele que é mais forte e te deixa com medo


DANIEL BEDOTI SERRA

3 comentários:

Solange Maia disse...

Daniel,

Há que se existir além das "carinhas e corpinhos de boneca" que desfilam por aí... afinal, a gente precisa mais do que isso... muito mais...

Beijo carinhoso,

Solange

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Anônimo disse...

ahahaha, manu chao é mto loko!

o cara é um gênio, escreve de coisas corriqueiras, e tem a psicodelia na veia.

com certeza ele deve gostar de beatles, por ser tão psicodélico!

e este seu texto ai eu curti, mas no começo eu achei q era uma coisa, depois qdo fui lendo já interpretei outra... mas o legal é isso, q cada um interprete como queira ou como julgar necessário.

e sobre o meu último post, tem muita coisa misturada lá, estava falando agora com a Ju no msn, o legal é isso, eu misturei vários sentimentos no texto, então eu to falando de várias coisas ao mesmo tempo, ahaha.

abraxxx,

Juliana disse...

eii.. o que houve com o meu comentário que estava aqui?? tu não recebesse? como assim?? hehehe...
eu comentei ANTES do ratolino! hehe...
mas nem lembro mais o que havia falado... sei que gostei do texto e "indiquei" um livro... não sei se vc já leu, Dani...mas é meu livro de cabeceira há mto tempo... fala um pouco dessa comunidade robotizada e igual, mas é muito mais: admirável mundo novo, do Aldous Huxley!
sei lá.. vai a dica.. acho que vc vai gostar! não conheço ninguém que o tenha lido e que não tenha tido uma ação depois da reação que o livro causa...rs.
beijocas.