A PERÍCIA
A noite começa chuvosa, um pouco fria, mas nem tanto frio assim. Dá pra aguentar, apenas uma camisa sem gravata, mangas arregaçadas e a vontade de me esbaldar.
Alguns goles a mais, risadas a mais e para acabar a noite um pouco de mau humor, de um péssimo funcionário, que não dá valor ao seu salário suado, como vítima de um mundo sanguinário.
Logo às 5 horas da manhã sinto o primeiro sintoma. Suor frio ao levantar para a primeira mijada da noite, quase me descamba no meio do corredor, se não fosse meu medo de acordar a casa inteira e ouvir um monte de asneira por apenas uma noite de bebedeira, teria deixado minha fraqueza me dominar.
Deito-me e amanheço no vazio do meu lar, sem ninguém pra me ver chorar, vomitando pelos poros até lacrimejar, sem condições de trabalhar, e mais trabalho me afunilar na semana seguinte que não quero nem olhar.
A tarde me engana como se tudo fosse passar e quando a noite chega me apronto para aprontar, mas antes mesmo do dia virar eu começo a novamente passar mal, suando frio, algo preso em minha barriga que não quer me deixar, fazendo eu me ausentar.
Forçadamente chego em casa, apenas dá tempo de levantar a bacia e minha dor vomitar, jogar tudo no vaso e pelo melhor esperar.
Amanhece novamente, tudo parece passar. Passou! O dia corre normalmente mas de noite uma dor vem pra me avassalar. Me tirar o sono na nona, e me alertar.
Continuo firme e forte, vivo, suando, com a dor percorrendo minhas costas até na minha nuca parar. Resolvo meu orgulho de lado deixar, procuro um Doutor que com sua perícia vem o óbvio constatar:
Olhado!
DANIEL BEDOTTI SERRA
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