quarta-feira, 29 de junho de 2011


MORTE DO SACI

Ontem eu acordei, o mundo dormiu
Então quando eu dormi, ele amanheceu
Quando eu bebi, ele comeu
Quando eu comi, ele bebeu

E ao invés de chorar eu sorri
E depois de sorrir eu cansei
Ao sentar eu deitei
E ao dormir, acordei

Um ruído me fez estremecer
De tanto medo adoeci
Minha cabeça com um cobertor eu cobri
E descobri, porque depois dos 7 não se tem mais medo de saci

Assim, eu dormi
Amanheci atrasado
Sai correndo pela casa
E no sofá o saci estava deitado

Como não tinha tempo a perder
Peguei a faca de passar manteiga no pão e cortei a única perna do saci
Pois, assim, eu poderia sair, e ele não poderia fugir

E eu queria fazer umas perguntas quando voltasse do trabalho
Mas, quando cheguei
Tive uma triste surpresa
O saci havia se matado

DANIEL BEDOTTI SERRA 

sexta-feira, 24 de junho de 2011


QUERIDO, JOHN!

Por onde andas, John?
O que tens feito?
O que tens lido? O que tens ouvido?
O que tens ouvido nos dias de hoje te distrai?
Gostou do último álbum do Paul? E o último do Ringo?
E o primeiro do Beady Eye, o que achou? Me parece com os da sua carreira solo.
E seus meninos, tem visto, John?
Estão sua cara, não?
O que me diz sobre a invasão dos EUA no Iraque e no Afeganistão?
O que me diz sobre o deprimente Governo Bush?
O que me diz sobre a Igreja nos dias de hoje? Os Beatles continuam mais populares que ela, John! Você não disse besteira. Hoje está claro o que você quis dizer.
E os Beatles, John?! Hoje você tem certeza que foram a melhor banda de todos os tempos, não? Espero que sim. O Paul sempre certeza.
Strawberry Fields.

DANIEL BEDOTTI SERRA

segunda-feira, 20 de junho de 2011


O SÃO DO INSANO

Amadurecemos em cada nascimento, em cada respiro, em cada suspiro, em cada morte que é anunciada.
Envolvemos aqueles que amamos e alguns desses tornam-se nossos inimigos inseparáveis.
Acordamos no meio do calor do sol e às vezes descansamos no meio do nada.
Desligamos o som na sala de estar, mas a música continua em nossos ouvidos ao dormir.
O máximo que gostaríamos de ter, muitas vezes acaba por ser o mínimo.
A previsão do profeta prodígio pode não ser o nosso destino.
A lanterna ligada na noite escura pode não ser de cor amarelada. 
O estudo de hoje pode conter, no dia de amanhã, informações equivocadas.
Ter muito no dia de hoje pode significar que, no dia de amanhã, não teremos nada.
Mochilas vazias como um pote de água que não contém mais água.
O sinônimo do dia pode ser uma charada.
Como o quadro pintado em uma tela manchada.
E nas entrelinhas das linhas há uma divisória que separa o são do insano.

DANIEL BEDOTTI SERRA

quinta-feira, 16 de junho de 2011


O ENTE QUERIDO

Lamentavelmente, o ente foi-se
Juntou-se às estrelas do céu
E suas cinzas foram jogadas no azul profundo do mar

Enquanto doente, o ente morto já estava
Não sentia mais prazer na vida
Não mais, de seu habitual descanso, se levantava

Com pena, Deus, contrariado o chamou
E o ente com prazer atendeu ao seu chamado
E, assim, encontraram-no, ao final do dia, deitado

Ao subir, Deus chamou sua atenção
Mas o ente, de tão feliz que estava, não prestou a mínima atenção
Pois vida nova o aguardava
Pensava que não havia cometido suícidio
Isso, já bastava

De repente, uma nova luz no céu se acende
E a vida que aqui se apagou, ilumina, lá de cima, a vida de seus outros queridos entes

Entes que iluminam uns aos outros
Para sempre em suas vidas presentes

DANIEL BEDOTTI SERRA

segunda-feira, 13 de junho de 2011


ELE QUER VOCÊ!

Ele quer você!
Aonde ele quer chegar?
De tanto tentar ocultar você.

Ele só pensa em você!
Tem medo da sua beleza mostrar o quanto é fácil amar você.
O quanto é fácil amar... você.

Ele só pensa em você!
Tem medo da chuva molhar
O quadro que ele pintou em você.

Ele só pensa em você!
Ou será que não sabe amar?
Será que não sabe deixar você ser você... ah! ahhhh!!

Não há mais sentimento que seja capaz de sobreviver à loucura que existe em você
Não há mais sentimento que seja capaz de sobreviver à loucura que existe em você
À loucura que existe em você
À loucura que existe em você
À loucura que existe em você ahhhhh!!!

Ele quer você!
Aonde ele quer chegar?
De tanto tentar ocultar você.

Ele só pensa em você!
Tem medo da sua beleza mostrar o quanto é fácil amar você.
O quanto é fácil amar... você.

DANIEL BEDOTTI SERRA
2005

quarta-feira, 8 de junho de 2011


ENQUANTO...

Enquanto procuro a minha paz, o mundo entra em guerra, dominado pelo ódio de anos e mais anos de resgate espiritual
Enquanto me preparo para abrir o meu coração, sou proibido por Lei de beijar à luz do dia, em virtude do ódio que não deixa os corações maltratados derreterem o gelo com a luz do Sol
Enquanto me preparo para viajar, o Governo determina o fechamento dos portos (por causa de uma guerra invisível - por causa de uma guerra que não existe) e passa a taxar tudo e a todos. Me sinto preso.

Enquanto prego o Amor...
Enquanto prego a Fé...
Enquanto prego a Liberdade...
Enquanto prego a Educação...

Há quem pregue a DESORDEM.
Há quem sente prazer com a desgraça dos outros.
Há desgraça.
Que desgraça.
Quanta desgraça.

DANIEL BEDOTTI SERRA

segunda-feira, 6 de junho de 2011


POR QUE A GENTE É ASSIM?

Mais uma dose? É claro!
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por quê que a gente é assim?

Agora fica comigo
E não, não
Não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Não me mastigue assim...

Canibais de nós mesmos
Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por quê que a gente é assim?

Mais uma dose? É claro!
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por quê que a gente é assim?

Você tem exatamente
Três mil horas
Prá parar de me beijar
Meu bem, você tem tudo
Tudo prá me conquistar...

Você tem apenas um segundo
Um segundo
Prá aprender a me amar
Você tem a vida inteira
Baby!
A vida inteira
Prá me devorar...
.
Agora fica comigo
E não, não
Não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Não me mastigue assim...

Você tem exatamente
Três mil horas
Prá parar de me beijar
Meu bem, você tem tudo
Tudo prá me conquistar...

Você tem apenas um segundo
Um segundo
Prá aprender a me amar
Você tem a vida inteira
A vida inteira
Prá me devorar...

BARÃO VERMELHO
Cazuza / Frejat / Ezequiel Neves

sexta-feira, 3 de junho de 2011


BONS E RUINS

Somos antídoto e veneno
Somos rosa vermelha e espinho
Somos calmaria e vento
Somos feios e lindos

Somos perfeitos e defeitos
Somos branco e preto
Somos grosso e fino
Somos único e misto

Somos bendito e maldito
Somos terráqueo e animal
Somos curva e linha reta
Somos mês e anual

Somos certo e errado
Somos conteúdo e prefácio
Somos sintonia e barulho
Somos inteligente e burro

DANIEL BEDOTTI SERRA