NOCIVOS
Quando novidade, ela não representa o menor perigo
Mas é nocivo
Transforma a mente
Sem o menor motivo
Coisas que aparentam
Mudam a qualquer tempo
Transformam pessoas em monstros
E monstros em mocinhos
Ela atrai o cigarro consolador
Que seca desde a ponta da língua até os pulmões
Num primeiro trago relaxador
E, também, matador
Consola a muleta dos fracos
Que sonham em ser os falsos profetas de um futuro sempre incerto
O apoio dos que já não tem mais auto estima
É uma maldade com rima
Como músicas para ouvidos mortos
Como concertos para teatros sem platéias
Como lazer para crianças sem vida
Como o ódio com estima
Balões flutuantes que levam o soro do descanso à multidões inteiras
Deitados sobre o asfalto esperando a semana inteira
Uma catástrofe de grandes dimensões
Bêbados, engarrafados, esquecidos para esquecer o dia que se foi
DANIEL BEDOTTI SERRA